Passamos, enfim, da época do Natal.
Já trocamos presentinhos, comemos mais do que deveríamos, bebemos (muito) mais do que deveríamos; já abraçamos menos do que poderíamos e perdoamos menos do que deveríamos.
Enfim, já passamos.
Mas como todo bom texto torna-se atemporal, publicarei aqui (com a devida autorização) um que me chamou muito a atenção. Diferente dos outros, fugindo dos clichês e analisando de maneira "azeda e irritada", típica deste blog, sem perder a ternura e a pureza. Sem delongas, aí está:
Feliz Todo Dia
Faltando dois dias para o Natal, eu - que venho evitando o tema durante todo o mês de dezembro - me sinto quase obrigada a escrever a respeito, uma vez que minha caixa de emails, meu Orkut e Facebook estão lotados de votos de Feliz Natal que ainda não respondi e provavelmente não vou.
Sim, o Natal é meu momento Diogo Mainardi.
Nunca fui uma grande entusiasta da data. Quanto mais velhos, mais implicantes nós ficamos: de uns anos pra cá tomei verdadeiro horror a tudo que se refere ao Natal, da irritante trilha sonora que invade os shoppings, já em novembro, à infame combinação de cores verde-vermelho, tudo importado de tradições que nem de longe lembram as do nosso país. Fora a sensação de que tudo e todos querem tomar meu dinheiro. Basta assistir um pouco de tv nessa época para saber do que estou falando.
O mais interessante é que não estou sozinha. Conheço várias pessoas com sérias restrições a essa época estressante e tumultuada do ano. Mas curiosamente elas enfeitam suas casas, compram presentes de que ninguém precisa com um dinheiro que provavelmente fará falta em algum momento, e - ah, claro - me desejam um Feliz Natal.
Todo ano me faço a mesma pergunta sem chegar a uma conclusão: o que é um feliz natal? Onde está a felicidade, a paz e a alegria que me desejam nessa noite onde a maioria se preocupa em se empanturrar, beber em excesso, trocar bugigangas e voltar pra casa falando mal dos parentes? E por que esperam o dia 25 de dezembro para desejar que eu seja feliz e tenha paz? Ah, o espírito de natal, claro!
Impossível não fazer aqui uma pausa e analizar a “solidariedade” que invade nossos corações. Passamos o ano andando por calçadas onde mendigos dormem, parando nossos carros em sinais onde crianças vêem nos pedir algo (às vezes socorro, basta olhá-las direito ao invés de fechar o vidro) e vendo pela tv que o mundo precisa desesperadamente que deixemos de ser indiferentes. Mas quando chega o Natal lembramos de repente que há outros com quem podemos partilhar o muito que temos. E distribuimos brinquedos baratos e cestas básicas que irão diminuir um pouco a carência deles e a culpa nossa.
Caio, sem medo de ser feliz, no velho clichê: o Natal perdeu seu sentido original. Foi desfigurado. Alguém ainda se lembra do aniversariante? Tenho certeza que Jesus deve estar horrorizado com a maneira como celebramos seu nascimento.
Encerro esse post azedo e irritado lembrando que a palavra natal significa nascimento. Com a proximidade da passagem do ano, algumas boas almas ainda se lembram que além do peru e da champagne, o momento pede reflexão e desejo de mudar e renascer. Mas a Vida já me surpreendeu o bastante para me mostrar que sua própria natureza é cíclica, o futuro é um tempo sempre em movimento, e um ciclo não se encerra e outro começa apenas porque nossa cultura determinou para isso uma data.
Renascemos e mudamos quando a Vida pede. A reflexão de quem somos, o que podemos dar ao outro, de que forma podemos contribuir para o mundo e de que maneira podemos ter paz e a alegria em nossas vida deve ser constante e diária. Podemos renascer todo os dias.
Portanto, àqueles que me desejam Feliz Natal, eu desejo: Feliz Todo Dia!
2 Digite aqui sua babaquice pessoal!:
hummmmmmmm
é só pra agradecer... ou pra desejar "feliz todo dia" também" ???????
rsrs
Obrigada, Jhonatas! Me senti muito honrada com a publicação do texto e do link! =)
Participe do meme “7 pecados” que coloquei no meu blog! Vai lá!
Beijos
Postar um comentário