Dia desses, ao sair do carro para fazer umas compras, deparei-me com a figura de um garoto, catorze anos, no máximo, que me interpelou: “O senhor não teria um trocadinho pro café? Eu podia tar roubando, podia tar matando, mas tô só pedindo”(sic). Cedi-lhe algumas moedas e segui viagem, sem tirar, porém, aquela cena da cabeça.
Como assim “podia tar roubando”? É óbvio que ele não poderia estar roubando ou matando. Quem lhe deu esse direito?
Não vejo problema em despender uma ninharia a quem precisa, mas considero absurda essa banalização do crime. De uns anos para cá, inclusive, nota-se uma glamourização do mesmo. Bandido é esperto, esperto é malandro, malandro é herói. Vivo é rei, martirizado é Deus. E, como todo Deus que se preze, deixa vários seguidores de sua “filosofia”.
Some também a conivência – com o perdão pelo eufemismo – de policiais corruptos e políticos infensos à população que acorda cedo e dorme tarde, tentando, dignamente, sustentar sua família.
Vários são os fatores apontados por especialistas – todos nós somos um pouco – para justificar essa nefasta situação: a deficiência crônica de nosso sistema educacional; falta de uma política social inclusiva e pluralista; baixos salários em sub-empregos; o desemprego, em si... todos são plausíveis, mas, em nenhum deles, a marginalidade pode ser tida como única alternativa de ascensão social, nem, tampouco, a mais viável.
Drogas e armas não podem ser, em hipótese alguma, a solução dos segregados. A educação, sim. O esporte, sim. O trabalho, sim. A inclusão, sim. A honestidade, sim. Enquanto nada disso acontece com eficácia, porém, vivemos consternados, impotentes, aziagos em um país em que, para muitos, bandido é mocinho.
Jhonatas Silva Franco
24/09/07
1 Digite aqui sua babaquice pessoal!:
Cooncordo com você!
E pra completar o governo não colabora...
*;
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