O mundo tem uma memória muito fraca. Tanto que esquecemo-nos de perguntar ao senhor George W. Bush qual era, de fato, o real sentido da batalha travada perante o Iraque neste ano que se finda tachado como o mais trágico do século XXI, título que talvez seja carregado por algumas décadas.
Em sua primeira justificativa, a guerra era contra as armas de destruição em massa de Saddan Hussein. Como a calúnia foi descoberta, visto que a existência de tais armas nunca foi comprovada, a explicação mudou: a guerra agora era contra a tirania que infernizava os iraquianos. Que fosse. E depois? Sem armas de destruição de massas a neutralizar, nem outra ditadura a derrubar, a guerra dos americanos assumiu, por fim, o caráter mais absurdo possível: tornou-se uma batalha contra o povo do Iraque.
A escalada rumo à insanidade teve início logo que se cogitou a possibilidade de uma guerra. Os Estados Unidos foram afetados por Osama bin Laden, mas o troco foi para Saddan, que, apesar de todos os defeitos – que não eram poucos --, terrorista não era.
Mas Bush já assumiu a presidência querendo declarar guerra ao Iraque. Os motivos podem ser vários, como, por exemplo, a frustração do Bush-pai, ao realizar o primeiro embate frente a esse país no início da década de 90; a busca por petróleo farto também deve ser cogitada como uma teoria plausível; ou até mesmo para “mudar o mundo”, como eles costumam dizer em acessos esporádicos de megalomania.
Esse processo pitoresco passeia pela não menos estapafúrdica designação para o fato: “Guerra ao Terror”. Como se terrorismo se combatesse com guerra. Redundância ingênua! Esse tipo de manifestação tem que ser contida com operações pertinentes, manobras políticas e investidas cuidadosamente pensadas, e não bombardeando aleatoriamente e mostrando-se austeros ao povo inocente de lá, que depois de serem feitos reféns do ditador iraquiano por décadas, agora tornam-se não menos aprisionados por Bush, impotentes em meio ao circo de horrores que vem acontecendo por aquelas bandas.
Essa história poderia virar um conto. Um não, vários, de diferentes pontos de vista. O primeiro poderia ser o de Saddan, que depois de anos e anos no poder, controlando interinamente a vida de milhões de pessoas, de repente se vê ineficiente e frágil perante a superpotência americana. O próximo deveria ser o do presidente norte-americano, Bush. A fim de manter a postura da família, faz uma guerra imbecil, infenso a tudo e todos, “provando” ao mundo que era mister se fazer um combate sangrento contra o “mal”, com infanticídios e morte de centenas de pessoas diariamente, e tudo por um simples e desprezível capricho hereditário. E, por último, o de um simples cidadão local, aziago e impotente diante do massacre de sua gente, que no ínterim de uma batida e outra do relógio, descobre que mais e mais pessoas estão morrendo pelas mãos tiranas dos ocidentais, sem pudor e/ou consideração pela vida alheia.
É muita história para se contar...
Jhonatas Silva Franco
15/10/04
1 Digite aqui sua babaquice pessoal!:
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