Você está assistindo a um desfile de moda. Entra uma mulher deslumbrante, de longos cabelos claros, desfilando em vestidos justíssimos. Logo após, começa o desfile dos homens e lá está a mesma mulher (?), modelando em trajes masculinos e expondo o tórax desnudo. Provavelmente você estará diante de Andrej Pejic, modelo tcheco de 19 anos e nova sensação das passarelas internacionais. Ele é um dos emblemas de uma tendência mundial na moda: a Androginia.
Após as Bombshells – que cultuavam os corpos voluptuosos – e as Heroin Chics – corpos esqueléticos, pálidos –, o conceito atualmente em voga é o de confundir o público quanto ao gênero do(a) modelo. É cada vez mais comum presenciarmos mulheres com traços masculinos e homens com feições delicadas fazendo sucesso no mundo fashion.
Engana-se, porém, quem acredita que essa tendência é uma novidade nas artes. Na música, se manifesta no Visual Rock, estilo japonês que ganhou força a partir dos anos 90; nos anos 80, Grace Jones é o principal exemplo; já nas décadas de 70 e 60, o Glam Rock e David Bowie são, respectivamente, os maiores emblemas desse comportamento visual dúbio.
Quando se fala em pintura, essa abordagem é ainda mais antiga. Diversas telas renascentistas – principalmente as que representam anjos – trazem personagens com feições comuns tanto a homens quanto a mulheres. Leonardo Da Vinci também possui obras com essa peculiaridade – Monalisa é um dos exemplos.
Se não é inovador, o conceito andrógino na moda ao menos tem despertado a curiosidade de especialistas e leigos. Além de Pejic, nomes como Jamie Bochert – mulher com traços masculinizados, meio ao estilo Marilyn Manson – e Lea T. – transexual brasileira filha do ex-jogador Toninho Cerezo – têm apimentado o cenário mundial com belezas exóticas, perfeitas para um ambiente ávido por novidades.
O culto à androginia pode ser entendido como o reflexo de uma sociedade em que homens e mulheres estão cada vez mais mesclados no que diz respeito a tarefas, responsabilidades e instrução. É uma quebra na barreira historicamente criada entre os gêneros, revelando um estilo híbrido inconfundível.
A moda segue a música e a pintura sem repeti-los. Reinventa as artes e retrata a vida. Tudo com bastante glamour, claro.
1 Digite aqui sua babaquice pessoal!:
Fiz um editorial de moda para as matérias de fotografia e direção de arte na faculdade de comunicação. O tema era Androginia e Música. Gostei bastante do resultado. Adorei o artigo.
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