O SADISMO MIDIÁTICO
No dia 29 de março, poucas horas após um divertido passeio com o pai e a madrasta pelo supermercado, a pequena Isabella Nardoni, 5 anos, morreu de forma brutal: segundo as investigações da polícia, foi espancada, asfixiada e jogada do sexto andar de um prédio, em são Paulo; pai e madrasta são os principais suspeitos.
O caso, por si só, já seria digno de grande comoção nacional. Mas, com o bombardeio midiático, tornou-se massante e sensacionalista.
Vários são os motivos para esse exagero. Dentre estes, há o famigerado enfoque ao padrão europeu, ariano, classista: a garotinha branca, loira, linda e rica tem maior peso na imprensa; tivesse acontecido com uma mestiça, negra, ou mesmo uma branca pobre, o caso certamente não teria a mesma repercussão. Outro fato digno de ressalva é que, no que tange o imaginário popular, essa “novela mexicana” é muto forte, dramática, e, por conseguinte, rentável para a mídia.
O brasileiro, já acostumado a tragédias, acompanha o caso resignado, impotente. Não percebe, porém, que nesse ínterim o dólar aumentou, a dengue matou centenas no país, o prefeito foi preso, foi solto... No Brasil é assim: mais vale a tragédia midiática alienante do que a doce tragédia diária vivida por todos nós.