terça-feira, 15 de setembro de 2009

Resenha Crítica - Cidadão Kane


A TRAJETÓRIA DE UM MEGALOMANÍACO

Clássico do cinema mundial, Cidadão Kane se tornou imortal ao retratar a vida de alguém que fez por onde para ser lembrado

Considerado por parte da crítica especializada o melhor filme de todos os tempos, Cidadão Kane (RKO, 1941) conta a história do magnata da comunicação Charles Foster Kane, um americano visionário e austero, que consegue fama, dinheiro e problemas ao longo de sua carreira midiática. O longa, revolucionário em diversos aspectos, é baseado na trajetória de vida do milionário Willian Randolph Hearst, apesar de seu produtor/diretor/ator Orson Welles nunca ter assumido isso publicamente.

O pequeno Kane veio de família humilde, mas ainda criança passou a ser criado por um banqueiro multimilionário. Já na juventude, herdou um polpudo patrimônio em ações, imóveis e outros bens; dentre eles, estava um pequeno e falido jornal, The Inquirer, que logo se tornou a menina dos olhos do jovem idealista. Depois de uma reformulação completa – incluindo a contratação dos principais jornalistas dos veículos concorrentes – no periódico, o jornal se torna influente e persuasivo, principalmente pelo caráter áspero, por vezes sensacionalista, dado às notícias. Com isso, Charles torna-se conhecido no país inteiro e passa a gozar de grande reputação, sobretudo entre a população pobre.

Aproveitando-se do sucesso pessoal e profissional que adquirira, Kane tenta entrar na política, candidatando-se ao Governo do Estado de Nova York de forma independente; só não vence por conta da descoberta de um escândalo amoroso, delatada por seu concorrente: o “caso” de Kane com Susan Alexander, que viria a ser sua segunda esposa – a primeira havia sido a sobrinha do presidente dos EUA, Emily Norton.

Consoante os anos se passam, o magnata vai se tornando uma pessoa cada vez mais rude, hostil e solitária. Vivendo em um palácio tão suntuoso quanto frio, com dezenas de esculturas e quadros caríssimos, Kane definha ao lado de sua mulher, Susan, que, cansada do marasmo do lugar e da frieza do marido, resolve abandoná-lo.

Antes do último suspiro de Charles Foster Kane, ele diz uma palavra que norteia toda a trama – como Cidadão Kane não segue a linearidade, a morte do personagem acontece na primeira cena do filme: “Rosebud”. É em busca do significado dessa expressão que o filme se desenrola, instigando o leitor a analisar fatos e situações e a tentar desvendar esse mistério, que persiste até o fim do longa.

Tecnicamente, o filme é referência até mesmo para as superproduções hollywoodianas atuais. Os cenários são belíssimos, o trabalho de fotografia de Gregg Toland é considerado o melhor de todos os tempos e as atuações são memoráveis. Os movimentos de câmera são notáveis, com o uso de Plongée (câmera filmando de cima para baixo, dando a impressão de esmagamento), Contra-Plongée (o oposto da anterior, denotando superioridade) e a exploração de diferentes campos e espaços. Por não seguir a ordem cronológica dos fatos, o filme exige do espectador atenção redobrada – o que já era a intenção do autor.

Welles, produtor, diretor e ator principal – interpretando o próprio Kane -, conquistou grande prestígio com o longa, apesar de Cidadão Kane não ter sido um sucesso de bilheteria (causou prejuízo de R$150 mil dólares aos estúdios da RKO) e o cineasta não ter feito mais nenhum filme com semelhante impacto. Vale ressaltar que o filme foi indicado a nove Oscars, mas venceu apenas um: melhor roteiro original. Conquistou, também, diversos outros prêmios em todo o mundo, como o de “Melhor Filme” pela Associação de Críticos de Nova York. O fato é que continua sendo um filme imperdível, mesmo quase 70 anos depois de feito. Um clássico regado a flash-backs, charutos e uma boa dose de megalomania.


1 Digite aqui sua babaquice pessoal!:

325 disse...

Olá colega!

Cidadão Kane é um dos praxes de estudantes de jornalismo. Eu também assisti e também o resenhei (existe este termo?), faz parte da coisa.

Mas o filme é bom!

Vc está em qual semestre?

Bjos!